Meu mundo expresso de várias formas... (my routes, my rules)

domingo, agosto 11, 2013

Que mundo estamos deixando?

Essa é uma das coisas que sempre me questiono...


Há cerca de três anos atrás recebi essa mensagem (abaixo) por e-mail e publiquei aqui no blog. Ano passado alguém julgou as imagens muito fortes ou "impróprias", não estou bem certa do termo, e denunciou o post ao Mr. Gúgol que me enviou uma notificação por e-mail e automaticamente alterou o status desse post de "publicado" para "rascunho". Contudo, o tal e-mail deve ter sido abduzido em meio aos inúmeros spams que recebo e só fiquei sabendo disso hoje por acaso...

Então, estou publicado o post novamente com a seguinte mensagem: as imagens são fortes, tristes, chocantes e revoltantes, mas ignorá-las não irá mudar a realidade! O que muda a realidade é a atitude das pessoas, a começar por não ignorar os fatos, principalmente aqueles que nos incomodam e nos revoltam!



Que este post sirva de reflexão...

Espero, sinceramente, que a gente possa deixar um mundo melhor para os nossos filhos! Um mundo mais humano, que trate melhor as suas crianças, o próximo, a natureza e os animais.

***


Uma breve jornada, oportunidades, legados que ficarão.
Qual o mundo que deixaremos para trás - para as próximas gerações -, quando partirmos?

Que herança lhe destinaremos?

O futuro dependerá do que agora fizermos. E, certamente, há muito por se fazer.

Cabul, Afeganistão
Três anos depois da queda do regime Talibã, - num país dilacerado pela guerra e onde as oportunidades de trabalho, alimentação e necessidades básicas são escassas -, crianças disputam migalhas de carvão que caem dos sacos transportados por caminhões da Cruz Vermelha, de modo a garantir seu próprio sustento e de suas famílias.

Karkhla, Paquistão
Crianças com idade entre 4 e 6 anos, em sua maior parte provenientes de famílias afegãs refugiadas da guerra civil que acomete seu país natal, trabalham em fábricas de tijolos. O seu desgastante trabalho consiste em virar os tijolos para que sequem mais rapidamente ao sol. O seu peso de criança permite que realizem seu penoso trabalho sem amassar os tijolos em que se apóiam.


Tegucigalpa, Honduras
Abutres e crianças disputam as sobras que encontram num aterro sanitário da capital hondurenha. Juan Flores e outras crianças reviram o lixo a fim de encontrar qualquer coisa que possa ser comido ou vendido.



Siliguri, Índia
Ruksana Khatun, de nove anos de idade, quebra pedras na periferia da cidade. Pequenas mãos calejadas em troca de um salário irrisório. Segundo a Organização Internacional de Trabalho, OIT, mais de 220 milhões de crianças trabalham no mundo, mais da metade delas em funções perigosas e em condições e horários precários, com jornadas de trabalho de até 17 horas.


San Vicente, Colombia - Na entrada de um bordel, adolescente aguarda o próximo cliente.

Dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, revelam que milhões de crianças são vítimas da exploração sexual em todo o mundo. A cada ano, um milhão e duzentas mil crianças são vítimas de tráfico e venda.

Triste mundo que assim trata as suas crianças.


Mais de 100 mil meninas são vítimas de exploração sexual no Brasil, conforme dados da Organização Internacional do Trabalho, OIT.

O filme “Anjos do Sol” aborda a cruel realidade que cerca o tema. Conforme relatos da equipe de produção, a exploração sexual de crianças e adolescentes no país ocorre em duas frentes: - nas cidades litorâneas, estando ligado ao turismo sexual realizado por estrangeiros; - e nas cidades do interior das regiões Norte e Nordeste, onde a necessidade desesperada de renda criada pela pobreza leva os pais a venderem suas filhas.

O filme expõe algumas das práticas que envolvem a exploração sexual infanto-juvenil, como o leilão de meninas virgens, e os personagens que lucram com esse mercado: aliciadores (que compram as meninas de suas famílias), donos de boates, cafetões, coronéis e políticos.

Dentre as tantas histórias tristes que inspiraram o roteiro do filme está a da pequena menina apelidada de R$ 0,50, por ser este o preço que ela cobrava por programa.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, estima existirem 100 milhões de crianças vivendo nas ruas do mundo subdesenvolvido ou em desenvolvimento, das quais 10 milhões no Brasil.

Muitas destas crianças mantêm algum tipo de laço familiar, porém despendem a maior parte do tempo nas ruas, - pedindo esmola, vendendo coisas de pouco valor, engraxando sapatos, lavando vidros de carros -, a fim de complementar o ganho familiar. Não raro, se envolvem em pequenos furtos.

Outras vivem de fato nas ruas, em grupos, dormindo em prédios abandonados, debaixo de pontes e viadutos, e em parques públicos. Nos dois grupos, os meninos são maioria. As meninas têm por destino a prostituição.

Recife, Brasil 
A maioria dessas crianças abusa das drogas, que as ajudam a negar, a fugir da realidade, a matar a fome, e a se aquecer.

Talvez seja hora dos políticos e governantes incluírem ‘compaixão social’ nas suas pautas e agendas de trabalho.

Tão perversas quanto persistentes, as desigualdades sociais e a pobreza atingem particularmente a população infanto-juvenil no país.
Estudos têm mostrado que as condições de vida das crianças é mais severa em lugares onde a infra-estrutura escolar é de baixa qualidade.

Faz-se necessário, portanto, criar condições que estimulem um aumento na freqüência escolar, com a consequente ampliação dos seus horizontes e o desenvolvimento das suas potencialidades.

As políticas destinadas a acabar com o trabalho infantil também devem procurar eliminar a necessidade da família pela renda da criança.
Segundo dados do Escritório das Nações Unidas de Combate às Drogas e ao Crime, UNODC, o uso de drogas ilícitas no mundo vem crescendo, apesar dos esforços mundiais de controle. Os EUA permanecem como os principais consumidores de maconha e cocaína no mundo.




Califórnia, Estados Unidos

Não muito distante da Disneylândia, a Terra da Fantasia, crianças, filhos de pais viciados em drogas, catam latas a fim de complementar o orçamento familiar, e ajudam, como podem, nos afazeres domésticos.

O aumento no consumo das drogas sintéticas - como a anfetamina e estimulantes similares ao ecstasy - é considerado preocupante pela facilidade com que elas são produzidas, já que, ao contrário das drogas tradicionais, não são necessárias grandes áreas de plantações, sendo produzidas com produtos químicos facilmente obtidos, em laboratórios muitas vezes improvisados, tornando o combate mais difícil.

Segundo o UNODC, a questão das drogas sintéticas exige uma redefinição das abordagens adotadas, devendo-se mudar o paradigma em torno da questão do combate às drogas, com a prevenção ganhando uma importância muito maior do que a repressão.


Congo, África Central

A avó de Chantis Tuseuo, de nove anos de idade, estende a mão para sua neta, gravemente desnutrida, que aguarda atendimento num posto de saúde nos arredores de Kinshasa.

No mundo, segundo dados do UNICEF, estima-se que 55% das mortes de crianças estão associadas à desnutrição, à fome que debilita lentamente.

A insanidade das guerras…



Irlanda do Norte, décadas de 80 e 90

Chechênia, 1997

Kosovo, 1999


África, desde sempre.


Faixa de Gaza, Palestina, 2004

Iraque, 2005

Israel, 2006

Líbano, 2006


ATÉ QUANDO?
É no coração da noite, que desponta o dia.


Qual o mundo que pretendemos deixar para as futuras gerações?
Um mundo mais justo, certamente...



Qual o mundo que deixaremos para as crianças de hoje, para as que ainda nascerão?


A palavra misericórdia, de origem latina, surge da junção de misereo/miséria, e cor/coração. Ela representa, portanto, um sentimento de empatia, colocar a miséria do próximo no nosso próprio coração.


A misericórdia se refere ao coração que se compadece e age.


"O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença". - Érico Veríssimo


Deus move o céu inteiro naquilo que o ser humano é incapaz de fazer. Mas não move uma palha naquilo que a capacidade humana pode resolver. - antigo ditado oriental

sábado, agosto 14, 2010

Mundo Urbano - Desabafos

"Queria ter um teletransporte..."

O que faz um dia tranqüilo ser liquidado pela “hora do rush”?
Consequências do Mundo Moderno?


Embora a resposta pareça óbvia, não justifica conceitua-la simplesmente como um mero reflexo da Era atual. Cabe filosofar a respeito (always!).

Enfim, vamos aos dados empíricos: desprovidos de qualquer pretensa neutralidade. Estava eu, a caminho da universidade, saindo com uma hora de antecedência – para garantir que nenhum “imprevisto” durante o trajeto pudesse me atrasar.

Doce ilusão da pseudoconcreticidade!
Eis que o primeiro coletivo (infelizmente tenho de pegar dois) atrasa quase 20 minutos. Como se não bastasse isso, pode-se concluir facilmente o quão lotado estava o dito.

[ pausa dramática ]
Naquele momento julgava não ter escolha, pois já estava atrasada para uma instigante aula (cada minuto perdido seria profundamente lamentado). [/]

Respirei fundo antes de me deixar compactar dentro daquela lata-de-sardinha ambulante. É preciso coragem! Feliz de quem tem um mp3 (ou similar) nessa hora infeliz e pode se abstrair daquele “lugar” – ainda que entre atropelos e empurrões. O meu tava sem bateria! L

Não tive escolha diante de tamanho infortúnio, senão me “conformar” com aquela situação imposta (é o que resta, quando não há nada o quê fazer). Nem por isso, abandonei minha indignação. Pelo contrário, fui tomada por uma vontade latente de analisar criticamente o caos da “hora do rush”(1).

Então, como é de praxe, aproveitei-me da situação que se apresentava para fazer uma observação-participante (ou, ao menos, exercita-la). Quando os dados empíricos se multiplicam desordenadamente a sua frente, deve-se apreende-los de alguma forma. As oportunidades não anunciam a sua chegada!
(...)

Durante a narrativa, demonstrarei aos céticos que a lei de murph não é fictícia – ao contrário, esta parece ter se materializado no povoado mundo urbano.



A cidade transborda!
Mesmo quase sem ar, praticamente imóvel e “levemente” esmagada pela massa – os pensamentos filosóficos me acompanharam durante tal martírio – que por instantes julguei tratar-se de um carma coletivo. A lua, que de certa forma me consolava naquele instante, era minha única cúmplice. Sim! Já era início da noite, e a essa altura eu deveria estar dentro do segundo martírio, digo, coletivo.


Enfim! Não é de surpreender o quanto àquela lata-de-sardinha pressurizada estava cada vez mais lotada! Algo inconcebível na lei da física. A gota d’água foi quando o cobrador começou a repetir em alto e bom tom, quase que mecanicamente: “pessoal, lá atrás tem espaço... um passinho pra frente!”


Espaço? O que é isso?
“O cobrador enlouqueceu de vez” pensei. Ainda assim, em cada parada o motorista insistia em abrir a porta para
mais-não sei-quantos desafortunados como eu entrarem, como se não houvesse um limite de capacidade que não pudesse ser extrapolado! E as pessoas faziam questão de entrar, mesmo sem saber “como” fazer isso, numa aparente resignação de quem está prestes a cometer suicídio altruísta.(2)



Extensões ocupam espaço (mesmo quando este é praticamente inexistente).
Fora este inconveniente agravante, a maioria dos “sem-noção”, digo, pessoas, não se dão conta de que suas bolsas/ mochilas/ sacolas/ apetrechos em geral são uma extensão do seu corpo. Tipo, cada movimento que a criatura faz, consequentemente ocasiona igual movimento em suas extensões (partes). A equação é óbvia, mas, por alguma razão desconhecida, parece inexistir no inconsciente coletivo. Dependendo da “sutileza” do movimento do ego-cidadão, pode resultar inclusive em uma lesão corporal na pobre vítima por “extensão”.

Quem nunca levou uma “bolsada” dentro do ônibus? Mesmo quando este não está lotado... Tudo indica uma total falta de noção dos pseudocidadãos (algo tão infeliz quanto esta rima!).

[Certa vez levei uma bolsada (ou “tijolada”) na cabeça, além de me deixar com uma leve dor de cabeça, por pouco não perco meus óculos-escuros, que saíram voando para o banco da frente. O pedido de desculpas não desfez o galo.]

Neste dia em questão, a multidão estava tão compactada que não dava para distinguir os corpos de suas extensões. Aliás, mal dava para ver o rosto das pessoas...



Poluição Sonora
Outro fator que materializa a lei de murph na controversa realidade, e nos permite senti-la verter fluentemente em meio ao caos e à desordem, é o fato de que jamais se pode pensar que dada situação não poderá ficar pior do que aparenta estar. Ou seja, quando tudo parece ruim o bastante (aí vem bomba!), pode ser apenas mais um teste de paciência e tolerância (tão almejada) em meio à falta de educação alheia...


Sendo assim, a minha situação desumana naquele “apertume” – como mera “carga” amontoada – foi testada mais uma vez. Um fulano-de-tal, que parecia estar submerso na multidão do fundo, colocou em alto e bom tom uma poluição sonora degradante (a qual não incluo no meu conceito pessoal de música). Cada um com o seu gosto. Mas, please, não imponha o seu aos demais. Pode gerar um “desgosto” coletivo (existe fone de ouvido, sabia?). A reação imediata estava estampada no semblante da maioria: como se estivessem ouvindo a marcha fúnebre antes de morrer na câmara de gás.


É essa impressão que você quer deixar nas pessoas? (é claro que a maioria destes ego-indivíduos está pouco ligando para as pessoas ao seu redor)



Raciocínio Ilógico
Continuando o desabafo... O tempo parecia congelado, como em um pesadelo sem fim, quando o que parecia impossível aconteceu. Finalmente cheguei à PUC, para pegar o segundo coletivo (metade do trajeto concluída: infelizmente, a tortura ainda não chegaria ao fim). Muitas pessoas como eu, descem ali para pegar outro ônibus e seguir viagem.

Na hora “dos finalmentes”, outra prova da falta de lógica na postura dos indivíduos quando estão em bando. Fora o amontoado frente à porta de saída daquela lata-de-sardinha agonizante, sempre tem “uns seres” que pensam que o fato de empurrar os que estão a sua frente fará com que consigam sair daquele ambiente, sufocante e hostil, mais rápido! Só não se dão conta do óbvio: não adianta nada descontar sua frustração nos seus semelhantes (algo de que não desejariam ser vítima, além de resultar em uma reação de igual proporção), ainda mais quando a porta do coletivo ainda não abriu – o que só serve para maximizar o desconforto e insatisfação de estar ali.

[Como o caso clássico do elevador, de fácil comprovação: quando há uma fila enorme para pegar o dito, as criaturas – ansiosas em garantir seu “lugar” naquela lata de refrigerante flutuante – causam tumulto ao não deixarem as pessoas que estão dentro saírem primeiro. Incapazes de pensar: como poderão entrar? Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço (te liga, lombriga!). O mesmo também pode ser verificável na estação do metrô, na hora do rush logicamente! Quem nunca presenciou tamanha falta de lógica?]


***


Senti um pouco de liberdade depois de ser “ejetada” daquela lata de opressão. Finalmente estava desvencilhada daquele emaranhado de gente. Contudo, tive de respirar fundo outra vez, para recarregar as forças antes de enfrentar o formigueiro humano daquele lugar. Afinal, ainda tinha de cruzar a passarela sob o arroio dilúvio, em meio a suicidas e serial killers.



[ Continua ...]





(1)[ abstrAÇÃO ] Por que não converter aquele momento traumático em algo produtivo? Ainda que o resultado disso também possa ser considerado apenas como uma mera forma de abstração. Toda tentativa de levar a mente pra fora daquela lata-de-sardinha prestes a explodir era válida e deveria ser testada. Talvez por influência da bela lua cheia, que mal conseguia fitar em meio à multidão sobreposta, me senti inebriada numa espécie de filosofia-reflexiva-existencial!
(2) Se não estivesse tão atrasada, talvez pudesse deduzir “naturalmente” que na hora do rush, ônibus lotado é luxo. A maioria dos coletivos transporta milhares de “sacos-de-batata”aglomerados. O mais sensato teria sido esperar possivelmente mais “meia hora” pelo próximo “compartimento de carga”, para ter ao menos onde sentar (e, infelizmente, perder uns 60 minutos daquela aula imperdível).

segunda-feira, janeiro 25, 2010

FELIZ 2010!

"Para sonhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre." (Carlos Drummond de Andrade)


Desejo a todos os leitores, aos amigos (próximos e distantes) e familiares, um 2010 repleto de vibrações positivas, recheado de amor e realização, prosperidade (em todos os sentidos), muitas alegrias e, principalmente, aprendizado.

Que não nos falte saúde para lutar pelos nossos sonhos (e que estes jamais sejam deixados de lado).

Que os verdadeiros amigos estejam sempre por perto e nunca nos falte oportunidade de dizer-lhes o quanto são especiais.

Que a gentileza - que não nos custa nada e é capaz de comprar coisas incalculáveis - esteja cada vez mais presente no nosso cotidiano (e que somente as atitudes positivas dos outros possam nos influenciar).

Que os erros cometidos em 2009 sirvam apenas como um estímulo para fazer diferente em 2010.

Enfim, que este novo ano seja iluminado e infinitamente melhor para todos nós!


"Nós abriremos o livro. Suas páginas estão em
branco. Nós vamos pôr palavras nele. O livro chama-se Oportunidade e seu primeiro capítulo é o Dia de ano novo."
(Edith Lovejoy Pierce)

domingo, novembro 01, 2009

As Meninas e o Cão!


Era um dia de FESTA

Ao constatar que as luzinhas de natal - utilizadas na psicodélica decoração - davam ao recinto um ar de pub-cabaré, uma das duas meninas exclama a outra, com uma das luzinhas entre os dedos:

- “As luzes são balões internos!” – proferiu. Ao menos foi essa formatação que a ouvinte decodificou no interior do seu HD.
- “Balões internos”? – rebate ela, pausadamente, sentindo um estranhamento-familiar naquelas palavras. Por instantes, imaginou que tal analogia devia-se ao fato daquelas luzes colorirem o ambiente como balões de aniversário! Bem propício, aliás, às comemorações que se seguiam.

As duas se entreolham por milésimos de segundo e caem na gargalhada. Por fim, concluíram que não estavam falando o mesmo dialeto.
- Eu disse: balões e velas! – enfatizou a autora da citação.
- Ah... – ambas voltaram a rir do equivoco.

Será que esta mensagem teria sido um mero fruto do seu inconsciente? Divagou internamente por alguns segundos, enquanto a outra menina recuperava-se dos risos.

Ao observar a cena, como um europeu do século XVI diante dos “selvagens” do novo mundo, o cão - que até então estava calado e imperceptível - apenas mudou de posição e suspirou alto, com ar de superioridade, como se dissesse: Primitivos!


Ao Constatarem que o cão se fazia de louco...

Após incessantes chamados:
- Tu viu só, ele faz que não ouve...
- Tri esperto!
De perfil na porta do quarto, o cão permanece imóvel, em posição de esfinge... ignorando-as totalmente!
- Malandro... se faz de louco!
- Mas tu aposta quanto que se eu disser “vamos passear”, ele ouve? Pra isso ele não é “surdo”...
- É... ele só “ouve” quando lhe convém...

[pausa contemplativa]

- Beethoven!
- Exatamente o que eu pensei! Tá se fazendo de Beethoven pra nós!!
- Só que ele não é um nem outro!
A outra menina a fita com um olhar de interrogação, e antes que suas dúvidas se materializassem em palavras abstratas:
- Ele não é nem o Compositor, nem o São Bernardo... coitadinho! – esclarece.
- Ah... – decodificou a mensagem.
- Só na próxima encarnação pra vir São Bernardo! – completa.

- Mas eu prefiro ele assim... “Meu Tapetinho”! – exclama para o cão, que continua ignorando-as.
- Ele é o nosso sentinela!

O cão, ainda de perfil, sequer esboça alguma reação. E em seguida deita-se encostado no marco da porta. Permanecendo sem “ouvir” aos chamados de suas donas, que recentemente tinham assistido ao filme “Minha Amada Imortal”.

(...)

- Nossa... pelo visto ele era uma espécie de Michael Jackson da época! – cena: o enterro de Beethoven.



Tem certeza de que deseja substituir arbusto.gif por novo-visú.jpg?

- Tu viu que ele já ta ficando “pomba” de novo?
- Vou ter que cortar o pêlo dele um pouco... tadinho! Não quero que ele se pareça com uma pomba... ui!
- Pobre do nosso cãozinho, tá que é um arbusto!
- Tu é feio, né Veio... – diz ela com ternura, enquanto acaricia o cão, que começa a abanar o rabo.
- Tadinho! – completa –
eu chamo de feio e ele balança o rabo!
- É... acho que no fundo ele sabe que é feio... e pelo visto não se importa com isso...
- O que importa é que ele se sente amado!

As duas ficam por alguns instantes olhando para o cão com admiração.

[pausa dramática]

- Ele é tão feio que chega a ser bonito!
- Ele é o nosso gremilin!
- Uma mistura do Guizmo com aquele outro...



Tapetinho

Logo após a presença da velha amiga Selma, cinematográfica e transcendental, que se retirara á francesa, uma das meninas se sente impelida a tocar sua percussão. Ao retirar seu cajon de dentro do armário, solicitou a outra menina um tapetinho – para apoiar o mesmo no chão. Assim que ela solicita o tapetinho, o cão a mira com expressão de quem diz: “me chamou?”.
- Não é tu, querido!

O cão, sem nada entender, retorna a sua posição de almofada.
- Tu vê só... – acrescenta a outra menina, ao reparar na posição do cão – ele parece um gato! Dá até pra confundir... eheh
- Ele é a coisa mais querida... meu Tapete Móvel!

Ao iniciar a batucada no cajon, o cão demonstra apreciar, admirado, como se estivesse presenciando o ritual de uma tribo a beira da fogueira. Se Malinowski visse essa cena, teria a nítida impressão de que: a qualquer momento, o cãozinho iria tirar de debaixo de seus pêlos, uma caneta e um diário de campo, para retratar sua observação-participante.


“Eles” estão entre nós...

O cãozinho tinha uma veia de comadre-fofoqueira desde quando era menor que o menor dos snif-snif. Grande parte da sua vida de cão consistia em bisbilhotar a vida alheia. Ah se ele pudesse falar a língua dos homens, sabe-se lá quantas histórias insólitas iria nos contar! Provavelmente seria uma autêntica crítica ao comportamento humano, diferente de qualquer crítica já feita por algum autêntico humano (incapaz de enxergar a externalidade de si mesmo, neutro de valores e pré-noções inconscientes).

Sempre que o cachorro-etê, vizinho e arquiinimigo do cão, ia levar sua “dona” pra passear, o cãozinho de pelúcia “boca-de-jacaré” alterava-se e acompanhava, de dentro de casa, toda a travessia de seu desafeto pela área do condomínio. Muitas vezes isso não bastava, sentia necessidade de sair pra desafiar seu rival. Vontade essa que as duas meninas não saciavam, apenas consolavam dizendo: “Não dá bola pra ele, Véio!”

Sabe-se que tamanha rivalidade entre as pantufas teve início nos “primórdios dos tempos”. Quando nosso protagonista era apenas um filhotinho indefeso descobrindo o mundo, o malvado cão-alienígena já era adulto e, valendo-se disso, praticava atos violentos contra ele. O suficiente para iniciar uma relação de ódio mútuo e fazer brotar um desejo fervoroso de vingança por parte do cãozinho injustiçado. [nota de rodapé: a noção de tempo aqui estabelecida está de acordo com a percepção canina]

O cachorro-etê, todavia, não recebera este apelido por acaso. Feio de doer e causar espanto até a mais incrédula das criaturas, de fato parecia um etezinho envolto em um pelego – como um disfarce mal sucedido. Estaria ele numa missão alienígena, misturado entre nós para nos estudar? Por vezes, as duas meninas questionavam-se quanto à autenticidade do cão da vizinha: bizarro!

Cruel, pode-se até ousar uma comparação diretamente proporcional entre o cão-extraterrestre e os malévolos alienígenas de “A Guerra dos Mundos”. Sempre carrancudo, tinha um olhar de serrial-killer, como se planejasse o extermínio da civilização dita humana. Por motivos óbvios, o único terráqueo que ele tratava bem era a sua “dona”. Afinal, sem saber, ela ajudava a corroborar seu disfarce.

Sim! “Eles” estão entre nós, disfarçados...



(...)

Cena 1: Em Tempo de Paz....
Uma das meninas lanchava na cozinha, a outra ouvia música no quarto. O cão, por sua vez, repousava em pose de “guru” no corredor – local estratégico, de onde poderia acompanhar auditivamente a ação de cada menina, em peças opostas.

Foi então que a menina que estava na cozinha ouviu, de longe, as “afetações” do cão-alienígena – que deveria estar prestes a sair para sua ronda noturna.
[Entende-se como “afetações” latidos histéricos e agudos]. Como normalmente o cão já estaria a postos na porta ao menor ruído da “pantufa do mal”, ela estranhou a ausência dele naquela noite.

- Deve estar em um sono muito profundo, mesmo! – pensou – Só assim pra ele ignorar aquele etezinho “fiasquento”!
Outro fator, que corroborava a teoria de que o cão possivelmente estaria em outra dimensão, era o fato dele (também) ignorar o cheiro de queijo enquanto ela lanchava.

Cena 2: Guerra-Fria.
Em seguida, as “afetações” aumentam de volume consideravelmente, dando a impressão de que o suporto alienígena estaria estabelecendo algum tipo de contato com a “nave-mãe”. Neste momento, a menina concluiu que o sono do cãozinho não estava tão profundo assim - fazendo com que sua teoria viesse abaixo. Há essa altura, ele já estava andando entre a porta de entrada e a área de serviço, completamente alterado, balbuciando algo que deveria ser um latido reprimido.
Também, como seria possível ignorar tamanha histeria?

- Ainda bem que tu não é assim, né Veio?!
O cão, entre suas idas e vindas da área à porta, parava em pose de sentinela e olhava pra menina com olhar de expectativa. Como se dissesse a ela que queria sair para salvar o mundo. A menina, no entanto, começa a se sentir angustiada com a atuação do gremilin de pelúcia.

- Eu gosto de comer com tranqüilidade... será que isso é possível? – repreende o cão, que permanece ansioso e com olhar de expectativa.

- Quando tu tá comendo, eu não fico te atucanando! – completa.
O cão, contudo, parece estar alheio a qualquer comentário, conectado somente em uma sintonia: a pantufa diabólica!

Por fim, a menina desiste de tentar o impossível (fazer seu cãozinho ignorar algo que para ele era impossível ignorar). Respira fundo e opta por fazer uma “pause” no seu lanche. O jeito era esperar o cão-etê passar pela área do condomínio para que a paz fosse restabelecida no lar-doce-lar.

Mais uma vez, o confronto entre as pantufas foi adiado. O cãozinho teria de aguardar uma nova oportunidade para salvar o mundo.

quarta-feira, outubro 28, 2009

time go by so fast...


O Tempo passa muito rápido...

Não se preocupem, não me utilizarei desta óbvia constatação (que não é só minha) no que se refere à maneira pela qual nos relacionamos com o Sr. Tempo. Minha aparente ausência deste espaço imaterial não possui nenhuma justificativa lógica. Concordo com o anônimo que, hipoteticamente, disse um dia: “o silêncio oportuno é mais eloqüente do que o discurso” (feliz de quem anotou essa máxima).

Apenas venho por meio deste (post), dizer que tentarei não me ausentar mais por tanto tempo! Aliás, nunca me ausento de fato. Mesmo quando não publico nada, costumo visitar meu Mundo - além de seguir produzindo devaneios escritos (não há como fugir disso!).

Enfim, chega de saudade!

A seguir, novas publicações... em menos tempo, eu prometo a vocês e a mim mesma!
[Ainda que a passagem do tempo seja abstrata, pessoal e intransferível (o tempo é longo para quem espera, rápido para quem está feliz, etc.) – considerem esta afirmação. A intenção é verídica!]


Tempo - Medida de duração dos seres. 2. Uma época, um lapso de tempo futuro ou passado. 3. A época atual. 4. A idade, a antiguidade, um longo lapso de anos. 5. Ocasião própria; ensejo, conjuntura, oportunidade. 6. Sazão, quadra. 7. Estado meteorológico da atmosfera; vento, ar, temperatura. 8. Gramática: Flexão que indica o momento de ação dos verbos. 9. Mús. Cada uma das divisões do compasso. 10. Música: Movimento com que se deve executar um trecho musical e que se indica por meio de determinadas expressões.

domingo, maio 24, 2009

O Dia "C"!


Enfim, o tão esperado dia chegou. Aquele antigo sonho, que fora deixado de lado por algum tempo - porém, nunca esquecido no mundo das idéias - tornara-se realidade. Lá estava ela, na direção certa - sintonizada com os seus ideais, dando o primeiro passo para realizá-los, um a um. Naquele dia, as palavras do Seu Amor não lhe saíam da mente:

Algumas pessoas pensam e agem como se apenas existissem para observar o mundo... E apenas buscando dinheiro, vêem os seus sonhos se dissolverem pelo tempo... Outras, no entanto, fazem à vida acontecer e movimentam o mundo (se for preciso até o Universo!), acreditam que podem acrescentar, e assim, constroem uma sociedade melhor... Enfim, tudo começa por um sonho...

Levava consigo apenas um caderno em branco e a certeza de estar seguindo a sua verdade, a sua essência. No céu, o pôr-do-sol já anunciava a sua presença cinematográfica, dando a impressão de que a noite seria bela e estrelada. Sentia-se leve, como se estivesse flutuando: finalmente encontrou uma vertente na qual poderia canalizar todos seus planos e projetos.
Traçara o seu caminho.

E pensar que tudo começou com um sonho...

A porta de um novo universo - repleto de possibilidades - estava aberta...

Recepção aos Calouros

Ao chegar à aula de Antropologia, a professora já estava discursando aos calouros, que a ouviam atentamente com os olhos arregalados. Inicialmente, imaginou que a expressão deles era só um reflexo da aparente pouca idade da professora. Logo, soube que esta era bolsista de uma outra professora mais experiente - ou algo parecido!

Embora, na hora, a explicação parecesse plausível, sua intuição lhe deu a dica de que algo não estava batendo. Talvez o entusiasmo ou o simples desejo fervoroso de consumir a matéria tenham lhe impedido de perceber o óbvio!

Ela era nova naquele ambiente, não queria rotular ninguém indiscriminadamente. Todos nós estamos sujeitos a pré-conceitos! – pensou, querendo libertar-se desta tendência (possivelmente natural, não só da nossa espécie).

- Além de saber inglês fluente, e Francês – que é fundamental - vocês terão de aprender Alemão, sabiam? A maioria dos textos que vocês vão interpretar é em Alemão!

Putz... Sabia que aprender Francês era importante, mas Alemão? Interpretar textos? – pensou ela, um pouco apreensiva. Mas isto não era o bastante para intimidá-la. Estava pronta para todos os desafios.


Foi então que a dita professora iniciou a aula de fato, após explicar o quão dificultoso seriam os obstáculos durante a graduação. Começou falando de cultura e questionando-os de qual idéia teriam acerca de seu significado.

Então, a caloura entusiasmada lembrou-se do livro que começou a ler nas férias e que seria de grande valia no primeiro semestre: “O Mundo de Sofia” (a história da filosofia, basicamente). Aprendeu logo nos primeiros capítulos sobre Sócrates, e a forma como ele ensinava sua filosofia: “ele não assumia a posição de um professor tradicional. Ao contrário, ele dialogava, discutia”.

Por instantes, pensou que a professora – que outrora sua intuição lhe dera um alerta - fosse adepta do método socrático. Então, um dos alunos começou a contestar veementemente as afirmações desta - que os instigava a debater o suposto objeto de estudo.

Achou que o aluno estava a fim de esculachar com a aula, pela forma falaciosa* que defendia o seu “argumento” (para um argumento ser considerado bom, as premissas/razões têm de ser verdadeiras, e a conclusão deve segui-las; da mesma forma, não se pode atacar diretamente a pessoa, somente as razões de seu argumento).


(*)= O objetivo de um argumento é expor as razões (premissas) que sustentam uma conclusão. Um argumento é falacioso quando parece que as razões apresentadas sustentam a conclusão, mas na realidade não sustentam. Falácias = deformadores de opinião.

Durante o “tiroteio” - que há essa altura já havia se tornado uma questão pessoal também para a dita professora (Sócrates provavelmente ficaria horrorizado) - uma caloura retirou-se da sala, envolta numa atmosfera de quem iria reclamar na secretaria.

Sentiu uns ares de surrealismo naquele que deveria ser apenas o primeiro dia de aula. Por um momento, teve a impressão de estar de volta aos tempos remotos do ensino fundamental. – “Pensei que na Universidade as coisas seriam diferentes...” – flagrou-se com este pensamento, enquanto contemplava o “barraco” ali instaurado.

A saída desta ca
loura acabou por desencadear uma queda de máscaras generalizada. Entre os presentes, nem todos os alunos eram realmente alunos - ao menos daquela turma. Cerca de uns três ou quatro revelaram-se integrantes do diretório de estudantes - inclusive o rapaz que conseguiu tirar a professora do sério. Eles estavam ali apenas para passar um trote nos ingênuos calouros, causando polêmica na aula. Logo que os falsários retiraram-se da sala, o clima era de total desconfiança. Quem garantia que os que ali permaneceram eram realmente alunos daquela turma?

A professora, notoriamente irritada, foi interrompida mais uma vez, quando enfim dava indícios de que havia recuperado as rédeas da tão esperada aula de Antropologia.

Eis que, naquele exato instante, entra um cara mais velho, sisudo, com um ar de “otoridade máxima” e notavelmente contrariado.

- Ai Meu Deus... Eu não a-cre-di-to! – exclamou em alto e bom tom, a “professora”, na divisa entre o transtorno e a ira.

- Com licença, turma, mas agora chega! Acabou a palhaçada! Isso aqui está indo longe demais... – disse o homem-sério a professora, em tom firme e despótico. Ao passo em que a dita escondia o rosto, deixando os presentes na dúvida quanto àquela postura de avestruz: refletia sua ira ou vergonha? (ou ambos?)

Divagações a parte, o que se sucedeu de fato - depois desta entrada triunfal - acabou por confundir os pobres e desamparados calouros ainda mais! A máscara daquela que se que dizia professora-bolsista também caiu! O homem-sério veio contar-lhes a verdade: acabou o teatro!

Revelou que ele era o verdadeiro professor e que havia gentilmente permitido aos veteranos que passassem um trote (aula falsa + colegas falsos = polêmica generalizada + calouros desorientados). Porém, quando percebeu que a situação saíra de controle, teve de intervir. Agora finalmente a aula iria começar, de verdade.
Será?

Aquilo tudo era muito surreal para a jovem e madura protagonista. O que era para ser apenas um primeiro dia de aula normal transformou-se em um filme de suspense, onde na-da parecia ser como se apresentava! (o que era uma ironia para ela: apreciadora dos filmes de Hitchcock)

Passou a duvidar de tudo e de todos... (muito discretamente, olhou para os dois lados da sala e para os ali presentes, com olhos críticos e analíticos)

[pausa dramática – silêncio absoluto]

Então pesou:
“Duvidar de tudo ou crer em tudo: são duas soluções igualmente cômodas, que nos dispensam ambas de refletir.” (Henri Paincore)

“O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma.” (Stanislaw Lec)


Logo, optou por ficar atenta aos seus sentidos e confiar no seu conhecimento empírico*. Não iria mais duvidar da sua intuição. Também não deixaria todo aquele seu entusiasmo inicial se evaporar só porque presenciara um “barraco” encenado. Continuava sedenta por conhecimento!

(*)= Empirismo: a experiência é fundamental (depende da comprovação feita pelos sentidos) e a razão está subordinada a ela. Questiona o caráter absoluto da verdade, já que o conhecimento parte de uma realidade em transformação, sendo tudo relativo.

Após restabelecer a ordem no recinto, o professor despótico que sequer dissera seu nome, começou explicando seus métodos maquiavélicos de avaliação. Alertou-os de que teriam de fazer 24 resenhas e, conseqüentemente, virar noites estudando – algo que ele deixou claro não se importar!

Seu discurso de professor-mercenário não encorajou a nenhum aluno questiona-lo ou, simplesmente, perguntar-lhe: afinal, qual era o seu nome?

Ela, contudo, mais uma vez não se deixou intimidar. Não se importava com o suposto método de avaliação terrorista, contando que a aula começasse de uma vez!

A razão parecia ter sido restabelecida naquele recinto - se é que em algum momento ela esteve presente – quando o rigoroso homem-sério passou a denotar uma alma falaciosa, ao chamar - de forma fervorosa e repressiva - o DCE de "eixo do mal"....

Não! Pára tudo!

Alguma coisa continua muito errada por aqui! – sua intuição lhe transmite um novo alerta. Desta vez ela iria confiar nos seus sentidos! [conhecimento empírico ativado!]

Estava inquieta, louca para que aquela aula começasse de uma vez, enquanto o imponente professor prosseguia seu discurso falacioso contra a má influência do DCE: o “eixo do mal”, composto por alunos que não estavam lá para estudar e sim para manipulá-los. Só faltou culpa-los pelo ataque as Torres Gêmeas. E nem era aula de Política para se debater politicagens.

Será que eu realmente estou onde deveria estar? – A Dúvida, que fora introduzida através do pensamento filosófico centenas de anos antes de cristo, voltou a envolvê-la. Desta vez começou a duvidar, inclusive, da sua própria razão...

[Reiniciando o Sistema... - aguarde]
Iniciou revendo mentalmente o trajeto que fizera de sua casa até o Campus Universitário, passo a passo. Tinha absoluta certeza de ter pegado o ônibus certo e de ter chegado ao lugar certo, na sala certa, alguns minutos depois da hora certa. Mas será que estas premissas bastavam para levá-la a conclusão-verdadeira de que aquele era o lugar certo, onde ela deveria estar?

Já estivera naquele Campus antes, mas por alguma razão (ou pela total falta dela), estas questões multiplicavam-se desordenadamente no íntimo do seu ser. Discretamente, abriu sua mochila e verificou seu comprovante de matrícula - que fora conferido milhares de vezes antes. Nenhuma novidade! Teoricamente ela estava assistindo a uma aula de Antropologia que não começava nunca.

Sentia uma sensação conhecida - que tinha desde a infância: de que sua vida parecia um sonho no qual ela iria se acordar a qualquer momento (ou seria somente depois de um tempo pré-determinado?).

Foi o seu livre-arbítrio que a conduziu àquele local, naquele dia?

Então - como se todos os seus pensamentos envoltos de dúvidas existenciais tivessem sido proferidos em voz alta - a verdade, nada mais que a verdade, finalmente veio à tona...

A bela noite já havia tomado conta do horizonte, exibindo um céu negro repleto de estrelas brilhantes... (conhecer é iluminar-se)

Cena Final
O que ocorreu, resumidamente, é que o verdadeiro professor daquela disciplina não havia ido e os veteranos lhes passaram um trote atrás do outro.

Trote Inteligente - O homem-sério sorriu pela primeira vez e disse: “não se preocupem, isto é um trote”. Todos os veteranos-atores saíram das coxias, digo, de trás da porta, e se apresentaram. Explicaram que tudo não passou de uma experiência metafísica: “é, e pode não ser, não é e pode ser.” E convidá-los a Festa de Recepção aos Calouros, no Centro de Vivênciacom direito a drinks de "vodka com pigmento".

E tudo acabou em rock and roll...

[e a tão esperada aula de Antropologia... só na semana que vem!]

quinta-feira, abril 30, 2009

Conheça a "Meatrix"

"Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão." - Lao-Tsé

"Minha doutrina é esta: se nós vemos coisas erradas ou crueldades, as quais temos o poder de evitar e nada fazemos, nós somos coniventes." - Anna Sewell

"Não digam nunca: 'Isso é natural!' Para que nada passe a ser imutável." - Bertold Brecht