Como pode uma simples viagem ao nordeste do país ser recheada de tantos contos?
Talvez alguns acontecimentos só tenham assumido a forma de conto devido ao meu desejo e ímpeto de escrever. Que seja! Dando continuidade a série Contos de Natal - Histórias Surreais, publico mais alguns destes contos que vivenciei (sóbria, antes que alguém questione).
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Banda “Quenga”
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Banda “Quenga”
Em um certo dia... conversando com alguns dos meus novos amigos, naturais de lá, aprendi muito das gírias locais e a forma como empregá-las no cotidiano. Por exemplo: Rapariga, que significa “moça” em portugal, para os naturais daquelas praias paradisíacas significa “puta” (quenga mesmo!). Na mesma hora, mais que subitamente, embarquei para algum universo paralelo beeemmm distante dali.
- Se a minha banda fosse natural do nordeste, é possível que o nome fosse “Quenga” ao invés de Meretriz. – comentei aos demais, com olhar profundo e filosófico, imaginando o código de barras símbolo da meretriz seguido da palavra “Quenga”, em letras garrafais. Comecei a rir. Vamos combinar: usar o nome Quenga pra banda, sem dúvidas, seria mais divertido que Rapariga. Ainda mais que lá é comum algumas bandas terem nomes bem-humorados (e inesquecíveis), como a banda "Cinzeiro de Motel" por exemplo.
- Com certeza que sim, minha filha! – mais que confirmou uma amiga.
- Só que daí vocês iam ter que tocar forró, pra fazer sucesso por aqui. – brincou outra amiga.
- Forró? – me apavorei com a possibilidade – Nem pensar! O nosso lance é Roooocckkkk!
Claro que não pude deixar de imaginar a gente tocando forró, ao entardecer, em cima de um palquinho de madeira, na beira da praia, com o mar ao fundo, usando colar de havaianas, rodeadas por casais de dançarinos, de corpos bronzeados e roupas curtas. O povo todo dançando na areia a nossa frente e cantando (em ritmo de forró): “Só me diga se veio pra ficar”.
Embora a minha imaginação tenha me proporcionado algumas risadas, definitivamente a minha vibe não é a do forró (nem do axé e derivados). Não que eu não ache algumas músicas desse estilo boas de dançar e/ou interessantes, nada disso! Apenas gosto de um bom rock and roll, a minha vibe é essa! Sou feliz assim! [hoje sou feliz e canto...]
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A Viagem de Volta
Embora a minha imaginação tenha me proporcionado algumas risadas, definitivamente a minha vibe não é a do forró (nem do axé e derivados). Não que eu não ache algumas músicas desse estilo boas de dançar e/ou interessantes, nada disso! Apenas gosto de um bom rock and roll, a minha vibe é essa! Sou feliz assim! [hoje sou feliz e canto...]
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A Viagem de Volta
A viagem de avião de Natal até Porto Alegre (ou vice-versa) é de aproximadamente 6 horas. Isso sem considerar o tempo que devemos chegar antes, despachar bagagem (etc, etc)... mais o tempo pra troca de aeronave. Sim, porque não existem vôos direto entre estas capitais. Sempre tem uma conexão (troca de avião) em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Na nossa viagem de volta, a conexão seria em São Paulo, no tumultuado aeroporto de Congonhas (aquele mesmo, que está com uma das pistas em reforma). Sabíamos que havia uma grande probabilidade de nosso vôo Sampa/POA atrasar algum sabe-se-lá-quanto tempo. Estávamos preparadas emocionalmente para lidar com o previsível atraso. Ao menos era assim que nos considerávamos.
* Antes de decolar:
No primeiro avião Natal/Sampa, não consegui me sentar com Mami. Fiquei na fila da frente e fiz amizade com duas gurias, uma loira e uma morena. A aeromoça havia acabado de mostrar aos passageiros todos aqueles procedimentos de emergência... Em caso de despressurização da cabine, máscaras de respiração irão cair dos painéis acima das poltronas. Caso tenha que ajudar alguém a respirar, coloque a sua máscara primeiro, antes de prestar socorro. Em caso de pouso na água, os assentos das poltronas serão utilizados para flutuação.
Não resisti à deixa... aproveitei o ensejo pra fazer um comentário de humor-negro, apenas pra gente descontrair um pouco no início daquela que seria uma longa viagem. Apontei para aquele aviso no encosto da poltrona da frente: “Use o assento para flutuar”.
- Espero não precisar usá-lo! – Comentei, depois de ler o aviso em voz alta.
- Isso só se o avião pousar na água, mas acho que ele não pousa não! Deve cair direto... explodir tudo... e todo mundo morre na hora... se não, morre afogado! – fatalizou a loira (falsa, evidentemente), que fez questão de descrever a forma brutal que morreríamos nesse hipotético acidente. Segundo ela, não teríamos sequer tempo de poder testar a eficiência dos assentos na água. Ou seja, não teríamos a menor chance de sobrevivência!
Mas afinal, será que os assentos flutuam mesmo? Eu é que não vou querer testar! - Enquanto divagava teorias de sobrevivência em algum universo paralelo qualquer, a polêmica continuava:
- Se o avião não pudesse pousar na água, não teria porquê ter esse aviso ridículo atrás dos bancos! – disse a morena em clima de brincadeira, respondendo aos comentários dramáticos da outra.
- Eu ainda acho que se o avião cai a gente morre! - enfatizou a loira (falsa).
- Imagina se o avião cai numa ilha e a gente fica como a galera daquele seriado, Lost?? - continuou a morena, em clima de humor.
- A gente ia ter que procurar a outra metade do avião... - completei, imaginando-nos em um cenário similar ao do seriado.
- Que nada meninas! Se acontecer alguma coisa com o avião dificilmente a gente sobrevive! - disse a loira, defendendo a sua tese 'zero sobrevivência'.
- Eu ainda acho que se o avião cai a gente morre! - enfatizou a loira (falsa).
- Imagina se o avião cai numa ilha e a gente fica como a galera daquele seriado, Lost?? - continuou a morena, em clima de humor.
- A gente ia ter que procurar a outra metade do avião... - completei, imaginando-nos em um cenário similar ao do seriado.
- Que nada meninas! Se acontecer alguma coisa com o avião dificilmente a gente sobrevive! - disse a loira, defendendo a sua tese 'zero sobrevivência'.
- Pior de tudo é se a criatura que sobreviver a tudo isso ainda for atacada por tubarão, quando estiver a deriva no mar... abraçada ao assento da poltrona... esperando socorro! – disse eu, 'chutando o balde', na tentativa desesperada de puxar a brasa de volta ao humor-negro.
- Eu preferia morrer afogada! Mas não atacada por um tubarão, eu hein!? – completou a morena.
- Eu preferia morrer afogada! Mas não atacada por um tubarão, eu hein!? – completou a morena.
- Acho que se o avião explodisse antes de chegar ao solo seria uma morte melhor! – eu e a morena nos entreolhamos - A gente nem ia sentir nada depois do barulho! – continuou fatalizando a loira (falsa, é claro!).
- Melhor a gente nem pensar a respeito, pode atrair! – alertei, em tom de brincadeira-séria. Quem sabe um pouco de misticismo popular não faria a tal loira (falsa) desistir daquele papo tragédia-mexicana!
Meu simples e inocente comentário, em tom (quase inocente) de brincadeira, estava tomando uma proporção trágica... definitivamente não era essa a minha intenção! Além do mais, dois passageiros da fileira do lado já estavam assustados com a nossa conversa. Senti que eu tinha o dever de encerrar aquele assunto, já que eu o começara.
Graças aos Deuses e ao Cosmos, o assunto-trágico foi encerrado após meu comentário místico, sem que para isso eu precisasse apelar mais. [Pausa de silêncio. O avião decola]. Após alguns minutos em pleno ar, mais precisamente quando estávamos nos aproximando da Estratosfera, uma das gurias puxou assunto falando do BigBrother. Mais meia hora de conversa. [conversa bobinha, mas ao menos sem aquelas fatalidades dignas de um filme B]
– Pra mim, o Caubói e a Bruninha fazem a linha 'Dart Vader' e 'Carrie - A Estranha' da casa. - polemizei!
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Hoje encerro os contos por aqui! Deixo o restante para um próximo post! ;-P
ps: já é a quarta vez que tento publicar estes contos, tomara que desta vez o servidor se comporte direitinho e não me venha com mais erros, please!!
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