Meu mundo expresso de várias formas... (my routes, my rules)

quarta-feira, março 07, 2007

Contos de Natal – Histórias Surreais


Só de ler o título desse post alguns podem pensar: “Ih! Só o que falta agora ela começar a inventar historinhas com Papai Noel e suas renas”. Já aviso - com a máxima antecedência - de que não é nada disso! Se bem que, essa foto-montagem já deixa claro que o título não tem nada a ver com a data comemorativa. É mais provável que pensem: o que foi que ela bebeu?

Devaneios a parte (ou não tão a parte assim), esclareço que esse título refere-se apenas a alguns contos ocorridos durante a minha estadia na capital do Rio Grande do Norte. A primeira vista podem parecer obra de ficção. Posso garantir, entretanto, a veracidade de tais contos, já que eu os vivenciei (sóbria). Vou tentar encaixar todos neste post, espero ser bem sucedida.


Enfim! Chega de embromation... apertem os cintos e vamos aos contos...

***

Quem não se comunica...

Confesso que acho estranho (só de pensar) que posso não compreender o que outra pessoa, habitante do mesmo país que eu, está me dizendo... pior de tudo é vivenciar uma situação dessas! Não queiram! Lá pelas tantas começa a ficar constrangedor...

*Falta de comunicação – 1º experiência: meu primeiro dia de praia.
Nordeste: terra de corpos bronzeados onde pessoas brancas como eu (beemm brancas, diga-se de passagem) não passam desapercebidas em meio a multidão dourada. As pessoas te olham como se você fosse um ser de outro planeta (fora da órbita do Sol, é claro). Alguns perguntam se você está usando ‘sundown 100’, outros chegam falando em outro idioma... como se a brancura fosse um identificador de gringos. Nada mais natural, num país com tantos tipos físicos diferentes. Enfim... fui perguntar para um rapaz de um quiosque quanto custava o aluguel de duas cadeiras e um guarda-sol. Qual a minha surpresa em não entender absolutamente nada do que ele estava falando? Pedi pra ele repetir umas três vezes, sendo que na terceira frisei que ele falasse mais devagar... percebi que tinha de me acostumar com o sotaque local nessa transmissão ultra-rápida urgentemente!!

*Falta de comunicação – a 2º experiência: ahãm, é verdade!
Naquele mesmo dia conheci uma gentil senhora, amiga de uma amiga da minha irmã. Ela sempre foi muito simpática e querida, gostava de conversar comigo e a minha mãe. O problema é que o seu linguajar era uma mistura de três sotaques de regiões beeemmm distantes (de outro país e de dois estados brasileiros, mais precisamente)... Imaginem como foi a minha primeira conversa com essa gentil senhora? Sim! Foi um desastre total!! A partir da terceira palavra (notem: não é nem frase, é palavra mesmo) não entedia mais nada...
Juro que me esforcei pra entender a conversa sem que ela percebesse que eu não entendia bulhufas do que ela me dizia. Usei estas frases de forma sutil na conversa, pra não levantar suspeitas:
- Desculpe, a senhora poderia repetir?
- O que a senhora disse?

- Em relação a quê?
- Como?

Todas as tentativas disfarçadas fracassaram, por pouco não comecei a dizer coisas do tipo:
- Desculpe, mas não estou entendendo nada do que a senhora está dizendo!
- Acho que entrou água do mar no meu ouvido...
- A senhora poderia desenhar na areia?

Mas preferi reprimir estes impulsos, convertendo-os em frases mais inteligentes:
- Ahãm!
- É verdade!
- Tem razão!!
- Isso mesmo!!

Quando o tom da conversa era mais polêmico, usava frases do tipo:
- Tu vê só!!
- Que coisa né?

- Como são as coisas... (olhar filosófico)

A senhora ficou conversando comigo e com a minha mãe ao mesmo tempo. Depois de cinco minutos conversando a respeito de algo que nem eu sabia o que era, minha agonia finalmente chegou ao fim quando a gentil senhora despediu-se de nós e voltou para o seu guarda-sol de origem. Estava com medo que ela percebesse que eu havia desistido de entender o que ela me dizia, optando em concordar com tudo. Respirei fundo, aliviada! Então resolvi comentar o ocorrido com minha mãe, na esperança de que ela me trouxesse algum esclarecimento a respeito do que conversávamos:

- Não entendi nada do que ela nos falou! – comentei esperançosa!
- Eu também não! - respondeu a minha mãe.

Entreolhamos-nos bem sérias por alguns segundos... então nos demos conta do que havia acabado de acontecer e caímos na gargalhada. Pobre gentil senhora, ela fora a única que sabia o assunto da nossa conversa.


***

Me localizando na Cidade (será?):
Sexto dia em Natal: estávamos a caminho da bela praia da Pipa quando comecei a questionar minha irmã a respeito das ruas e alguns lugares, na tentativa de localizar o norte e o sul da cidade...
- O aeroporto é pra lá? (apontando para uma grande avenida com coqueiros no canteiro)
- Não, é pro lado oposto!


No caminho comecei a perceber várias placas, de diferentes tamanhos, em todos os cantos, com o nome “Parnamirim”. Pensei: será que é alguma multinacional daqui? Vi até um outdoor com esse nome, pena que o carro passou muito rápido e não pude ler o que estava escrito. Já tava quase convencida de que “Parnamirim” era uma logomarca quando vi uma estação do Metrô com este nome. Não me contive, tive que voltar a importunar minha irmã com minhas dúvidas:
- Afinal, o que é Parnamirim? Tá escrito em todo o lugar... é uma empresa?
Minha irmã riu e respondeu:
- É uma cidade metropolitana, tipo Canoas!
- Entendi! Parnamirim está para Natal assim como Canoas está para Porto Alegre, diretamente proporcional!!
- Muito bem!

No meio do caminho alguém comentou a respeito da praia de Pirangi, fui obrigada a reiniciar o questionamento. Trabalhei cinco anos prestando suporte técnico, em matéria de ‘reiniciar’ sou perita! (nenhum windows pode negar)
- Tá, e Pirangi? Pertence a Natal?
- Não! Pirangi faz parte de Parnamirim! – esclareceu minha irmã
- Certo! É como se Canoas tivesse uma praia?
- Isso mesmo!
- Imagina se Canoas tivesse uma praia dessas... bonita como Pirangi... eu seria uma que abandonaria Porto Alegre pra morar lá, na hora!!


Não teve como eu não lembrar da minha amiga Adri, que mora em Canoas. Até pensei: - A Adri ficaria contente se Canoas tivesse uma praia como Pirangi!! (violinos)
Eu e minhas manias de criar universos paralelos! [Cada louco com as suas...]

Por fim, fiquei totalmente localizada depois da última série de perguntas:
- E a empresa onde tu trabalha, também é em Parnamirim?
- Não! É em Macaí, uma cidade industrial, depois de Parnamirim!

- Seria tipo uma “Gravataí” da vida, em relação a capital?
- Exatamente! A mana tá entendendo as coisas! – brincou minha irmã.

Durante esses diálogos esclarecedores (ao menos pra mim, pobre desorientada), meu sobrinho dormia inocentemente no colo da minha mãe. Aos poucos estou me localizando nessa cidade! – pensei orgulhosa.

Ah! A Praia da Pipa é simplesmente maravilhosa, fica ao sul de Natal (mais ou menos a mesma distância de Porto Alegre/ Imbé). Linda mesmo!!


***

No fim não vai dar pra publicar todos os contos neste post. Vou deixar pra publicar o restante amanhã, pra não sobrecarregar este! Até mais! ;-)

2 comentários:

Anelise Souza Lima disse...

Guria, quase morri rindo da tua "comunicação" em Natal. Eu tenho uma parente que fala muito rápido e com a voz aguda. Toda vez que ela me liga eu fico na "aham", sem muita interação, pq simplesmente não entendo nada do que ela fala. Queremos mais contos!!!!
Um beijo da Ane

Anônimo disse...

Texto emocionante neste blog, post como aqui está dão motivação aos que observar neste blogue :)
Entrega maior quantidade do teu sítio, aos teus seguidores.