Meu mundo expresso de várias formas... (my routes, my rules)

quinta-feira, outubro 23, 2008

O Último Tapa!

O tapa que ela levou, naquela noite mal fadada, a fez cair na real de que aquele seria: “o último tapa”! Percebeu que o rumo da sua vida havia saído de seu controle há tempos. Não conseguiu lembrar como as coisas chegaram naquele nível, apenas sentiu uma sensação desesperadora de abandonar aquela realidade. Aquela não era a vida com a qual sonhara. Era infeliz e maltratada por um homem que sequer a amava. Ela sequer o amava. Que vida era aquela?

Por que razão ela permitira que aquele homem a tratasse daquele jeito?
Em que ponto ela desistiu da sua felicidade e se achou merecedora daqueles tapas?
Então, ela consegue recobrar a consciência seguida de um arrepio. Por obra do destino, ou por alguma artimanha do homem que hoje a maltratava, ela perdeu seu grande amor. Aquele sim era o homem que ela amava: eram feitos um para o outro. Ele jamais lhe faria o que este Traste com quem ‘se juntou’ faz. Devido a uma intriga maldosa, ela e seu amado discutiram e ele se atrasou para o trabalho. No caminho, foi vítima de um acidente de trânsito. Sim, sua vida parecia uma novela mexicana!

O Traste, que no início era gentil, aproveitou-se do seu momento de fragilidade e tristeza para se aproximar. Ela, não se achava mais merecedora do amor. Desde esse dia, sua vida saiu de controle. “O último tapa”! – foi o que bastou para ela decidir-se a fazer as malas. Tirou a maquiagem borrada e jogou fora o que restava da sua dose de uísque. Sem que o Traste notasse, ela depenou a casa de todos os seus pertences e colocou tudo no porta-malas e no banco traseiro do seu conversível. Para completar seu momento “Thelma e Louise”, colocou seus óculos escuros e saiu com o nascer do sol. Enquanto isso, seu desafeto, cheirando a bebida, dormia profundamente naquela cama que ela nunca considerara um ninho de amor.

Com as rédeas do seu destino nas mãos, ela voltou a ser dona de si! Voltou a acreditar no amor - na possibilidade de amar novamente - estava mais do que na hora dela ser feliz outra vez! Escolheu uma cidade linda, no outro lado do mapa. No rastro não deixou nenhum vestígio – de fazer inveja à personagem de Julia Roberts de “Dormindo com o Inimigo”. No entanto, não iria mudar de nome nem de cabelo. Não era uma criminosa para se esconder. Apenas não queria mais nenhum vínculo que pudesse lembrá-la daquela “Era Sombria”. Talvez a única qualidade do Traste, é que ele era tão traste, que jamais iria atrás dela!

Pra não dizer que ela não deixou nada, no post-it da geladeira apenas uma palavra escrita às pressas, que sintetizava tudo: “Adeus!”

Escolheu pra morar uma casa na colina de uma pequena cidade serrana, cuja vista era de encher os olhos. Parecia uma locação de cinema! Colocou flores na varanda e uma rede em local estratégico, queria se energizar naquele éden. Logo, ela se estabelece na bela cidade: consegue um bom emprego e respaldo profissional, frutos do seu empenho. Todas as dificuldades que teve para se reerguer foram mínimas perto da inércia que vivera nos últimos tempos! Sua vontade de viver lhe trouxe de volta a vida. Nada mais parecia impedir-lhe de ser feliz, nenhum obstáculo a intimidava mais. Estava resolvida!

Até que um dia, ela se apaixonou por aquele que se tornaria o homem da sua vida. Como se a “Era Sombria” fosse mera obra do destino para fazê-la redescobrir o amor, nos braços daquele que ela iria amar para o resto da sua vida. Desde esse dia, que ela reencontrou o amor, sua vida ficou mais florida do que o avarandado da sua nova casa.

Depois de uma noite longa de amor, ela deixa seu homem repousando no quarto e vai ver o nascer do sol, deitada em sua rede na varanda. Enquanto fumava sua cigarrilha, percebeu que foi um tapa - “o último tapa”, que mudou a sua vida. Com um sorriso apaixonado, deu mais um “tapa” na cigarrilha - “o último tapa” - e foi dormir ao lado do seu amado.

Um comentário:

Sabrina A. Rosa disse...

Essa última "cena" está linda!