Enfim, o tão esperado dia chegou. Aquele antigo sonho, que fora deixado de lado por algum tempo - porém, nunca esquecido no mundo das idéias - tornara-se realidade. Lá estava ela, na direção certa - sintonizada com os seus ideais, dando o primeiro passo para realizá-los, um a um. Naquele dia, as palavras do Seu Amor não lhe saíam da mente:
Algumas pessoas pensam e agem como se apenas existissem para observar o mundo... E apenas buscando dinheiro, vêem os seus sonhos se dissolverem pelo tempo... Outras, no entanto, fazem à vida acontecer e movimentam o mundo (se for preciso até o Universo!), acreditam que podem acrescentar, e assim, constroem uma sociedade melhor... Enfim, tudo começa por um sonho...
Levava consigo apenas um caderno em branco e a certeza de estar seguindo a sua verdade, a sua essência. No céu, o pôr-do-sol já anunciava a sua presença cinematográfica, dando a impressão de que a noite seria bela e estrelada. Sentia-se leve, como se estivesse flutuando: finalmente encontrou uma vertente na qual poderia canalizar todos seus planos e projetos.
Algumas pessoas pensam e agem como se apenas existissem para observar o mundo... E apenas buscando dinheiro, vêem os seus sonhos se dissolverem pelo tempo... Outras, no entanto, fazem à vida acontecer e movimentam o mundo (se for preciso até o Universo!), acreditam que podem acrescentar, e assim, constroem uma sociedade melhor... Enfim, tudo começa por um sonho...
Levava consigo apenas um caderno em branco e a certeza de estar seguindo a sua verdade, a sua essência. No céu, o pôr-do-sol já anunciava a sua presença cinematográfica, dando a impressão de que a noite seria bela e estrelada. Sentia-se leve, como se estivesse flutuando: finalmente encontrou uma vertente na qual poderia canalizar todos seus planos e projetos.
Traçara o seu caminho.
E pensar que tudo começou com um sonho...
A porta de um novo universo - repleto de possibilidades - estava aberta...
Recepção aos Calouros
Ao chegar à aula de Antropologia, a professora já estava discursando aos calouros, que a ouviam atentamente com os olhos arregalados. Inicialmente, imaginou que a expressão deles era só um reflexo da aparente pouca idade da professora. Logo, soube que esta era bolsista de uma outra professora mais experiente - ou algo parecido!
Embora, na hora, a explicação parecesse plausível, sua intuição lhe deu a dica de que algo não estava batendo. Talvez o entusiasmo ou o simples desejo fervoroso de consumir a matéria tenham lhe impedido de perceber o óbvio!
Ela era nova naquele ambiente, não queria rotular ninguém indiscriminadamente. Todos nós estamos sujeitos a pré-conceitos! – pensou, querendo libertar-se desta tendência (possivelmente natural, não só da nossa espécie).
- Além de saber inglês fluente, e Francês – que é fundamental - vocês terão de aprender Alemão, sabiam? A maioria dos textos que vocês vão interpretar é em Alemão!
Putz... Sabia que aprender Francês era importante, mas Alemão? Interpretar textos? – pensou ela, um pouco apreensiva. Mas isto não era o bastante para intimidá-la. Estava pronta para todos os desafios.
Foi então que a dita professora iniciou a aula de fato, após explicar o quão dificultoso seriam os obstáculos durante a graduação. Começou falando de cultura e questionando-os de qual idéia teriam acerca de seu significado.
Então, a caloura entusiasmada lembrou-se do livro que começou a ler nas férias e que seria de grande valia no primeiro semestre: “O Mundo de Sofia” (a história da filosofia, basicamente). Aprendeu logo nos primeiros capítulos sobre Sócrates, e a forma como ele ensinava sua filosofia: “ele não assumia a posição de um professor tradicional. Ao contrário, ele dialogava, discutia”.
Por instantes, pensou que a professora – que outrora sua intuição lhe dera um alerta - fosse adepta do método socrático. Então, um dos alunos começou a contestar veementemente as afirmações desta - que os instigava a debater o suposto objeto de estudo.
Achou que o aluno estava a fim de esculachar com a aula, pela forma falaciosa* que defendia o seu “argumento” (para um argumento ser considerado bom, as premissas/razões têm de ser verdadeiras, e a conclusão deve segui-las; da mesma forma, não se pode atacar diretamente a pessoa, somente as razões de seu argumento).
(*)= O objetivo de um argumento é expor as razões (premissas) que sustentam uma conclusão. Um argumento é falacioso quando parece que as razões apresentadas sustentam a conclusão, mas na realidade não sustentam. Falácias = deformadores de opinião.
Durante o “tiroteio” - que há essa altura já havia se tornado uma questão pessoal também para a dita professora (Sócrates provavelmente ficaria horrorizado) - uma caloura retirou-se da sala, envolta numa atmosfera de quem iria reclamar na secretaria.
Sentiu uns ares de surrealismo naquele que deveria ser apenas o primeiro dia de aula. Por um momento, teve a impressão de estar de volta aos tempos remotos do ensino fundamental. – “Pensei que na Universidade as coisas seriam diferentes...” – flagrou-se com este pensamento, enquanto contemplava o “barraco” ali instaurado.
A saída desta caloura acabou por desencadear uma queda de máscaras generalizada. Entre os presentes, nem todos os alunos eram realmente alunos - ao menos daquela turma. Cerca de uns três ou quatro revelaram-se integrantes do diretório de estudantes - inclusive o rapaz que conseguiu tirar a professora do sério. Eles estavam ali apenas para passar um trote nos ingênuos calouros, causando polêmica na aula. Logo que os falsários retiraram-se da sala, o clima era de total desconfiança. Quem garantia que os que ali permaneceram eram realmente alunos daquela turma?
A professora, notoriamente irritada, foi interrompida mais uma vez, quando enfim dava indícios de que havia recuperado as rédeas da tão esperada aula de Antropologia.
Eis que, naquele exato instante, entra um cara mais velho, sisudo, com um ar de “otoridade máxima” e notavelmente contrariado.
- Ai Meu Deus... Eu não a-cre-di-to! – exclamou em alto e bom tom, a “professora”, na divisa entre o transtorno e a ira.
- Com licença, turma, mas agora chega! Acabou a palhaçada! Isso aqui está indo longe demais... – disse o homem-sério a professora, em tom firme e despótico. Ao passo em que a dita escondia o rosto, deixando os presentes na dúvida quanto àquela postura de avestruz: refletia sua ira ou vergonha? (ou ambos?)
Divagações a parte, o que se sucedeu de fato - depois desta entrada triunfal - acabou por confundir os pobres e desamparados calouros ainda mais! A máscara daquela que se que dizia professora-bolsista também caiu! O homem-sério veio contar-lhes a verdade: acabou o teatro!
Revelou que ele era o verdadeiro professor e que havia gentilmente permitido aos veteranos que passassem um trote (aula falsa + colegas falsos = polêmica generalizada + calouros desorientados). Porém, quando percebeu que a situação saíra de controle, teve de intervir. Agora finalmente a aula iria começar, de verdade. Será?
Aquilo tudo era muito surreal para a jovem e madura protagonista. O que era para ser apenas um primeiro dia de aula normal transformou-se em um filme de suspense, onde na-da parecia ser como se apresentava! (o que era uma ironia para ela: apreciadora dos filmes de Hitchcock)
Passou a duvidar de tudo e de todos... (muito discretamente, olhou para os dois lados da sala e para os ali presentes, com olhos críticos e analíticos)
[pausa dramática – silêncio absoluto]
Então pesou:
“Duvidar de tudo ou crer em tudo: são duas soluções igualmente cômodas, que nos dispensam ambas de refletir.” (Henri Paincore)
“O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma.” (Stanislaw Lec)
Logo, optou por ficar atenta aos seus sentidos e confiar no seu conhecimento empírico*. Não iria mais duvidar da sua intuição. Também não deixaria todo aquele seu entusiasmo inicial se evaporar só porque presenciara um “barraco” encenado. Continuava sedenta por conhecimento!
(*)= Empirismo: a experiência é fundamental (depende da comprovação feita pelos sentidos) e a razão está subordinada a ela. Questiona o caráter absoluto da verdade, já que o conhecimento parte de uma realidade em transformação, sendo tudo relativo.
Após restabelecer a ordem no recinto, o professor despótico que sequer dissera seu nome, começou explicando seus métodos maquiavélicos de avaliação. Alertou-os de que teriam de fazer 24 resenhas e, conseqüentemente, virar noites estudando – algo que ele deixou claro não se importar!
Seu discurso de professor-mercenário não encorajou a nenhum aluno questiona-lo ou, simplesmente, perguntar-lhe: afinal, qual era o seu nome?
Ela, contudo, mais uma vez não se deixou intimidar. Não se importava com o suposto método de avaliação terrorista, contando que a aula começasse de uma vez!
A razão parecia ter sido restabelecida naquele recinto - se é que em algum momento ela esteve presente – quando o rigoroso homem-sério passou a denotar uma alma falaciosa, ao chamar - de forma fervorosa e repressiva - o DCE de "eixo do mal"....
Não! Pára tudo!
Alguma coisa continua muito errada por aqui! – sua intuição lhe transmite um novo alerta. Desta vez ela iria confiar nos seus sentidos! [conhecimento empírico ativado!]
Estava inquieta, louca para que aquela aula começasse de uma vez, enquanto o imponente professor prosseguia seu discurso falacioso contra a má influência do DCE: o “eixo do mal”, composto por alunos que não estavam lá para estudar e sim para manipulá-los. Só faltou culpa-los pelo ataque as Torres Gêmeas. E nem era aula de Política para se debater politicagens.
Será que eu realmente estou onde deveria estar? – A Dúvida, que fora introduzida através do pensamento filosófico centenas de anos antes de cristo, voltou a envolvê-la. Desta vez começou a duvidar, inclusive, da sua própria razão...
[Reiniciando o Sistema... - aguarde]
Iniciou revendo mentalmente o trajeto que fizera de sua casa até o Campus Universitário, passo a passo. Tinha absoluta certeza de ter pegado o ônibus certo e de ter chegado ao lugar certo, na sala certa, alguns minutos depois da hora certa. Mas será que estas premissas bastavam para levá-la a conclusão-verdadeira de que aquele era o lugar certo, onde ela deveria estar?
Já estivera naquele Campus antes, mas por alguma razão (ou pela total falta dela), estas questões multiplicavam-se desordenadamente no íntimo do seu ser. Discretamente, abriu sua mochila e verificou seu comprovante de matrícula - que fora conferido milhares de vezes antes. Nenhuma novidade! Teoricamente ela estava assistindo a uma aula de Antropologia que não começava nunca.
Sentia uma sensação conhecida - que tinha desde a infância: de que sua vida parecia um sonho no qual ela iria se acordar a qualquer momento (ou seria somente depois de um tempo pré-determinado?).
Foi o seu livre-arbítrio que a conduziu àquele local, naquele dia?
Então - como se todos os seus pensamentos envoltos de dúvidas existenciais tivessem sido proferidos em voz alta - a verdade, nada mais que a verdade, finalmente veio à tona...
A bela noite já havia tomado conta do horizonte, exibindo um céu negro repleto de estrelas brilhantes... (conhecer é iluminar-se)
Cena Final
O que ocorreu, resumidamente, é que o verdadeiro professor daquela disciplina não havia ido e os veteranos lhes passaram um trote atrás do outro.
Trote Inteligente - O homem-sério sorriu pela primeira vez e disse: “não se preocupem, isto é um trote”. Todos os veteranos-atores saíram das coxias, digo, de trás da porta, e se apresentaram. Explicaram que tudo não passou de uma experiência metafísica: “é, e pode não ser, não é e pode ser.” E convidá-los a Festa de Recepção aos Calouros, no Centro de Vivência – com direito a drinks de "vodka com pigmento".
Embora, na hora, a explicação parecesse plausível, sua intuição lhe deu a dica de que algo não estava batendo. Talvez o entusiasmo ou o simples desejo fervoroso de consumir a matéria tenham lhe impedido de perceber o óbvio!
Ela era nova naquele ambiente, não queria rotular ninguém indiscriminadamente. Todos nós estamos sujeitos a pré-conceitos! – pensou, querendo libertar-se desta tendência (possivelmente natural, não só da nossa espécie).
- Além de saber inglês fluente, e Francês – que é fundamental - vocês terão de aprender Alemão, sabiam? A maioria dos textos que vocês vão interpretar é em Alemão!
Putz... Sabia que aprender Francês era importante, mas Alemão? Interpretar textos? – pensou ela, um pouco apreensiva. Mas isto não era o bastante para intimidá-la. Estava pronta para todos os desafios.
Foi então que a dita professora iniciou a aula de fato, após explicar o quão dificultoso seriam os obstáculos durante a graduação. Começou falando de cultura e questionando-os de qual idéia teriam acerca de seu significado.
Então, a caloura entusiasmada lembrou-se do livro que começou a ler nas férias e que seria de grande valia no primeiro semestre: “O Mundo de Sofia” (a história da filosofia, basicamente). Aprendeu logo nos primeiros capítulos sobre Sócrates, e a forma como ele ensinava sua filosofia: “ele não assumia a posição de um professor tradicional. Ao contrário, ele dialogava, discutia”.
Por instantes, pensou que a professora – que outrora sua intuição lhe dera um alerta - fosse adepta do método socrático. Então, um dos alunos começou a contestar veementemente as afirmações desta - que os instigava a debater o suposto objeto de estudo.
Achou que o aluno estava a fim de esculachar com a aula, pela forma falaciosa* que defendia o seu “argumento” (para um argumento ser considerado bom, as premissas/razões têm de ser verdadeiras, e a conclusão deve segui-las; da mesma forma, não se pode atacar diretamente a pessoa, somente as razões de seu argumento).
(*)= O objetivo de um argumento é expor as razões (premissas) que sustentam uma conclusão. Um argumento é falacioso quando parece que as razões apresentadas sustentam a conclusão, mas na realidade não sustentam. Falácias = deformadores de opinião.
Durante o “tiroteio” - que há essa altura já havia se tornado uma questão pessoal também para a dita professora (Sócrates provavelmente ficaria horrorizado) - uma caloura retirou-se da sala, envolta numa atmosfera de quem iria reclamar na secretaria.
Sentiu uns ares de surrealismo naquele que deveria ser apenas o primeiro dia de aula. Por um momento, teve a impressão de estar de volta aos tempos remotos do ensino fundamental. – “Pensei que na Universidade as coisas seriam diferentes...” – flagrou-se com este pensamento, enquanto contemplava o “barraco” ali instaurado.
A saída desta caloura acabou por desencadear uma queda de máscaras generalizada. Entre os presentes, nem todos os alunos eram realmente alunos - ao menos daquela turma. Cerca de uns três ou quatro revelaram-se integrantes do diretório de estudantes - inclusive o rapaz que conseguiu tirar a professora do sério. Eles estavam ali apenas para passar um trote nos ingênuos calouros, causando polêmica na aula. Logo que os falsários retiraram-se da sala, o clima era de total desconfiança. Quem garantia que os que ali permaneceram eram realmente alunos daquela turma?
A professora, notoriamente irritada, foi interrompida mais uma vez, quando enfim dava indícios de que havia recuperado as rédeas da tão esperada aula de Antropologia.
Eis que, naquele exato instante, entra um cara mais velho, sisudo, com um ar de “otoridade máxima” e notavelmente contrariado.
- Ai Meu Deus... Eu não a-cre-di-to! – exclamou em alto e bom tom, a “professora”, na divisa entre o transtorno e a ira.
- Com licença, turma, mas agora chega! Acabou a palhaçada! Isso aqui está indo longe demais... – disse o homem-sério a professora, em tom firme e despótico. Ao passo em que a dita escondia o rosto, deixando os presentes na dúvida quanto àquela postura de avestruz: refletia sua ira ou vergonha? (ou ambos?)
Divagações a parte, o que se sucedeu de fato - depois desta entrada triunfal - acabou por confundir os pobres e desamparados calouros ainda mais! A máscara daquela que se que dizia professora-bolsista também caiu! O homem-sério veio contar-lhes a verdade: acabou o teatro!
Revelou que ele era o verdadeiro professor e que havia gentilmente permitido aos veteranos que passassem um trote (aula falsa + colegas falsos = polêmica generalizada + calouros desorientados). Porém, quando percebeu que a situação saíra de controle, teve de intervir. Agora finalmente a aula iria começar, de verdade. Será?
Aquilo tudo era muito surreal para a jovem e madura protagonista. O que era para ser apenas um primeiro dia de aula normal transformou-se em um filme de suspense, onde na-da parecia ser como se apresentava! (o que era uma ironia para ela: apreciadora dos filmes de Hitchcock)
Passou a duvidar de tudo e de todos... (muito discretamente, olhou para os dois lados da sala e para os ali presentes, com olhos críticos e analíticos)
[pausa dramática – silêncio absoluto]
Então pesou:
“Duvidar de tudo ou crer em tudo: são duas soluções igualmente cômodas, que nos dispensam ambas de refletir.” (Henri Paincore)
“O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma.” (Stanislaw Lec)
Logo, optou por ficar atenta aos seus sentidos e confiar no seu conhecimento empírico*. Não iria mais duvidar da sua intuição. Também não deixaria todo aquele seu entusiasmo inicial se evaporar só porque presenciara um “barraco” encenado. Continuava sedenta por conhecimento!
(*)= Empirismo: a experiência é fundamental (depende da comprovação feita pelos sentidos) e a razão está subordinada a ela. Questiona o caráter absoluto da verdade, já que o conhecimento parte de uma realidade em transformação, sendo tudo relativo.
Após restabelecer a ordem no recinto, o professor despótico que sequer dissera seu nome, começou explicando seus métodos maquiavélicos de avaliação. Alertou-os de que teriam de fazer 24 resenhas e, conseqüentemente, virar noites estudando – algo que ele deixou claro não se importar!
Seu discurso de professor-mercenário não encorajou a nenhum aluno questiona-lo ou, simplesmente, perguntar-lhe: afinal, qual era o seu nome?
Ela, contudo, mais uma vez não se deixou intimidar. Não se importava com o suposto método de avaliação terrorista, contando que a aula começasse de uma vez!
A razão parecia ter sido restabelecida naquele recinto - se é que em algum momento ela esteve presente – quando o rigoroso homem-sério passou a denotar uma alma falaciosa, ao chamar - de forma fervorosa e repressiva - o DCE de "eixo do mal"....
Não! Pára tudo!
Alguma coisa continua muito errada por aqui! – sua intuição lhe transmite um novo alerta. Desta vez ela iria confiar nos seus sentidos! [conhecimento empírico ativado!]
Estava inquieta, louca para que aquela aula começasse de uma vez, enquanto o imponente professor prosseguia seu discurso falacioso contra a má influência do DCE: o “eixo do mal”, composto por alunos que não estavam lá para estudar e sim para manipulá-los. Só faltou culpa-los pelo ataque as Torres Gêmeas. E nem era aula de Política para se debater politicagens.
Será que eu realmente estou onde deveria estar? – A Dúvida, que fora introduzida através do pensamento filosófico centenas de anos antes de cristo, voltou a envolvê-la. Desta vez começou a duvidar, inclusive, da sua própria razão...
[Reiniciando o Sistema... - aguarde]
Iniciou revendo mentalmente o trajeto que fizera de sua casa até o Campus Universitário, passo a passo. Tinha absoluta certeza de ter pegado o ônibus certo e de ter chegado ao lugar certo, na sala certa, alguns minutos depois da hora certa. Mas será que estas premissas bastavam para levá-la a conclusão-verdadeira de que aquele era o lugar certo, onde ela deveria estar?
Já estivera naquele Campus antes, mas por alguma razão (ou pela total falta dela), estas questões multiplicavam-se desordenadamente no íntimo do seu ser. Discretamente, abriu sua mochila e verificou seu comprovante de matrícula - que fora conferido milhares de vezes antes. Nenhuma novidade! Teoricamente ela estava assistindo a uma aula de Antropologia que não começava nunca.
Sentia uma sensação conhecida - que tinha desde a infância: de que sua vida parecia um sonho no qual ela iria se acordar a qualquer momento (ou seria somente depois de um tempo pré-determinado?).
Foi o seu livre-arbítrio que a conduziu àquele local, naquele dia?
Então - como se todos os seus pensamentos envoltos de dúvidas existenciais tivessem sido proferidos em voz alta - a verdade, nada mais que a verdade, finalmente veio à tona...
A bela noite já havia tomado conta do horizonte, exibindo um céu negro repleto de estrelas brilhantes... (conhecer é iluminar-se)
Cena Final
O que ocorreu, resumidamente, é que o verdadeiro professor daquela disciplina não havia ido e os veteranos lhes passaram um trote atrás do outro.
Trote Inteligente - O homem-sério sorriu pela primeira vez e disse: “não se preocupem, isto é um trote”. Todos os veteranos-atores saíram das coxias, digo, de trás da porta, e se apresentaram. Explicaram que tudo não passou de uma experiência metafísica: “é, e pode não ser, não é e pode ser.” E convidá-los a Festa de Recepção aos Calouros, no Centro de Vivência – com direito a drinks de "vodka com pigmento".
E tudo acabou em rock and roll...
[e a tão esperada aula de Antropologia... só na semana que vem!]
3 comentários:
Hahahahahaha...
Tadinhos dos calouros!
Ah... que boas lembranças do início da faculdade... trotes são tudo de bom, assim como a desconfiança que a gente tem, enquanto calouros, de tudo e de todos! Adorei! Bem, a propabilidade de que se o professor tivesse realmente ido ainda assim não garantiria uma real aula de antropologia no primeiro dia de aula, é muto grande! Rsssss!
"Tinha absoluta certeza de ter pegado o ônibus certo e de ter chegado ao lugar certo, na sala certa, alguns minutos depois da hora certa" - A Mariana que eu conheço nunca chegaria exatamente na hora certa... se foram apenas alguns minutos depois, tu melhorou muito, heim, amiga! Hehehehehe!
Honey, sei que tu não é muito ligada a estas convenções bloguísticas, mas indiquei este mundinho Mariana de ser que eu tanto adoro para um prêmio com selinho. Passa lá no meu bloguinho e dá uma olhada!
Bjocas!
"Enfim, tudo começa por um sonho..."
Como eu acredito nisso...!
Ótimo texto, embora tenha me deixado com medo do trote na faculdade no ano que vem, rs
beijo
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