Meu mundo expresso de várias formas... (my routes, my rules)

sábado, abril 07, 2007

Loucuras Desvairadas – Histórias da Vida Real

Um pitada de loucura não faz mal a ninguém!
Pessoas comuns podem não compreender este post, bem como, a série de contos que se originará a partir deste. Não as culpo! Nós loucos dificilmente somos compreendidos pelas pessoas comuns. Antes que alguém se ofenda sem razão: entende-se por pessoa comum aquele indivíduo padrão da sociedade, o considerado ‘normal' e aceito por todos (se é que ainda existe gente normal nesse país pra gente exemplificar).

Enfim...
Hoje escrevo especialmente para o público insano. Espero que, além dos meus amigos, outras pessoas também possam se identificar com o tema abordado. Peço aos ‘normais’ (ou aos que assim se consideram): não se zanguem comigo! Não vejam isso como uma exclusão ou preconceito da minha parte. Apenas vou escrever numa linguagem mais livre, mais louca (se é que é possível). Simplesmente vou derramar a minha essência puramente insana, sem me preocupar em ser gramaticalmente correta, e muito menos em me fazer entender...

Que entendam aqueles que se identificam com a minha loucura!
Quem não compreender, paciência! Não tenho a pretensão de agradar a gregos e troianos. Nunca tive, não vai ser agora!

Que graça teria o mundo se todos nós pensássemos igual?
Certamente não haveria debates nem grandes descobertas! Este sim poderia ser um mundo habitado somente por ‘normais’ (neste caso, normais = os que pensam igual). Imaginem: seria um mundo bege, dominado pela rotina e pela mais absoluta mesmice. As pessoas e os animais viveriam com cara de enxaqueca e postura de ameba (se é que ameba tem ‘postura’). Nada de acontecimentos surpreendentes, que dirá, manifestações artísticas.

Deixando os ditos ‘normais’ de lado e voltando para o foco principal deste post (ou seja, os loucos), vou narrar algumas situações em que fui testemunha da loucura alheia, e outras em que fui a própria autora da loucura desvairada

***


O IMPORTANTE É TRANSMITIR O RECADO!

É engraçada a forma que nos expressamos durantes os ensaios da banda. Tudo pra que os instrumentos e os arranjos musicais soem como o esperado. Como expressar uma súbita inspiração musical pra outras pessoas que, diga-se de passagem, não fazem a menor idéia do que você está tentando dizer?

Pior (não sei se é pior) quando temos que equalizar os instrumentos, entre toda essa função técnica, que nos garante um som com qualidade... Como se expressar??
Sai cada pérola!

As onomatopéias comandam!
O exemplo mais comum é enquanto você quer explicar pros outros músicos aquele lindo arranjo que já está pronto dentro da tua mente. Você já consegue ouví-lo tocando em todos os instrumentos da banda, sincronizados como uma orquestra. Mas os outros não. Ninguém pode conectar um cabo USB no teu cérebro, seja pra compartilhar idéias ou simplesmente ouvir o mesmo mp3. Também não é possível você fazer um Upload dos teus dados cerebrais pra publicar em um servidor FTP na internet. Por isso, você precisa ser rápido! Os outros precisam entender o que você quer dizer antes que a inspiração se evapore.

Pra se fazer entender, vale usar-se das onomatopéias, bater palma, dar três pulinhos, usar ‘termos técnicos’ (a-hãm!), fazer vocalizes... vale tu-do! O importante é transmitir o recado! (eheh)
Eis algumas pérolas e piadas, adaptadas de fatos reais:

- Que barulho é esse?
- É desse amplificador aqui!
- Bah, tá chovendo dentro do troço!
- Será que um guarda-chuva não resolve?
- Que chuva o quê, parece que tem um mosquito voando aqui dentro.
- Dentro do amplificador ou do estúdio?
- Sei-lá! Mas dá vontade de pegar um repelente!
- O cara do estúdio disse que esse barulho é normal e não tem o que fazer.
- Normal só se for pra ele!
- Vamos ter que agüentar esse barulho o ensaio inteiro? Que merda!
- Ai, que vontade de dar uma porrada nesse amplificador, pra parar com esse barulho de uma vez.
- Melhor não! Vai que o troço quebra aí a gente tá ferrada.
- Pior! Esses lance são tri caro, tu ia passar a vida inteira pagando.
- Eu?


- Posso usar o meu microfone? Aí se der microfonia a gente troca pelo do estúdio.
- Quer ver que ela vai ter que trocar...
- A culpa não é do meu microfone, ele é bom!

- Depois que ela toca o pá-pá-ti-pá todo mundo entra.
- Todo mundo inclusive eu?
- Sim! Todo mundo, o que inclui você!
- Senão não seria “todo mundo” amiga!
- Mas eu não entrava junto com a beltrana e depois vocês entravam?
- Não, isso é na música tal!
- Não é a música tal que a gente vai tocar agora?
(silêncio absoluto)
- Ah é!
- Tem certeza? A gente não tinha dito que ia tocar a música y?
- Ai...
- Vamos tocar essa só pra passar o som e era wilson. Depois a gente passa a outra.
- Tá bom!
- Agora me perdi, qual é a música que a gente vai tocar mesmo?


- Dá uma abrilhantada no microfone, deixa a voz mais leve.
- Tá bom sim, só põe mais um brilhinho!
- E eu quero o meu microfone com grave e reverb.
- Pede pra diminuir o 'équio' amiga, não dá pra entender nada do que tu tá falando.

- Tenta tocar a bateria mais reta e redonda, entende? (sinalizando com as mãos um círculo e uma linha horizontal)
- Mas ela já tá reta!
- Então deixa mais redonda.


- Não tem como tu baixar o au-au?
- Pior! O au-au tá alto pra caramba!
- É só o au-au. O outro efeito tá com um volume bom.
- O problema é que o au-au é mais alto que os outros efeitos, não sei por quê. Vou tentar arrumar.
- O au-au ficou tudo nessa música!
- É só baixar um tiquinho que fica perfeito.
- Vocês se deram conta que faz meia hora que a gente tá discutindo sobre o au-au?

- Depois do tum-tum-pá, tum-tum-pá tenta tocar mais aberto.
- Na primeira parte eu faço os blém-blém-blém. Aí, só depois do último blém-blém, entra a guitarra.
- A gente tem que definir como termina essa música.
- É simples, a gente dá duas voltas antes de subir, depois desce, dá mais uma volta e meia e termina.
- Acaba no tam-dam-dum.... daaaammm
- Sustenta no final!
- Que tal uns tssshhhiiiiiii nos pratos, bem na finaleira, tipo uma coisa meio Jazz...
- E a guitarra encerra com aqueles gritinhos!
Muito em breve novos contos da série
Loucuras Desvairadas – Histórias da Vida Real
serão publicados, aguardem! ;-)
Beijos e Adraços Insanos.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Não espereis de mim nem definição nem divisão de retórico. Aqui, não caberia tal coisa. Definir-me seria impor limites que a minha força desconhece...Depois, por que tentar dar-vos de mim, mediante uma definição, uma cópia ideal, uma cópia que comigo se não pareceria mais que a minha sombra, se diante de vós tendes o original?"


Que tal, O Elogio da Loucura: definição do orkut... todos temos um pouco...hehe