Meu mundo expresso de várias formas... (my routes, my rules)

terça-feira, janeiro 09, 2007

“E tudo foi vento e nada mais”...

Não é que essa frase de impacto do Edgar Alan Poe faz sentido pra muitas coisas da vida?! Deve ser muito triste você chegar ao final do dia, do ano, de uma história, de uma vida... e concluir que tudo o que passou foi vento, nada mais. Vamos combinar que é uma frase forte! Já adianto aos mais sensíveis que o assunto deste post vai ser bem mais descontraído do que o seu título – obra do mero acaso. Logo as peças do quebra-cabeça vão se encaixar!

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Porto Alegre, 07 de janeiro de 2007.

Por volta das 14hs desde domingo, os integrantes da Banda Meretriz encontraram-se no Estúdio Cidade Baixa para ensaiar. Soube-se que a loira tecladista foi a única a se atrasar ao ensaio. Alguns especulam que o motivo do atraso, que ultrapassou aos 10 min de praxe, teria sido uma ressaca provida da festa de formatura de sua amiga Natália, realizada na noite anterior. Ela estava com uma boa aparência, embora estivesse um pouco pálida! – informou uma testemunha que afirma ter visto a loira tecladista chegando ao estúdio em um táxi, usando óculos escuros.

Soube-se que o ensaio ultrapassou cerca de 15 min do tempo pré-estabelecido devido a um suposto atraso dos integrantes da Anahatta - a banda que iria ensaiar depois. A gente deixou elas (e ele) tocarem mais uma música antes de entrar no estúdio e elas quase tocaram três, se não fosse o Leandro (o nosso studio-men) intervir! Notei que elas saíram pálidas e trêmulas da sala de ensaio, dizendo que era culpa do ar-condicionado. Mas parecia que elas haviam sofrido uma overdose de som. – relatou um dos integrantes da banda Anahatta, antes de entrar correndo na sala de ensaio.

As meninas e o menino da banda Meretriz foram vistos em uma famosa pastelaria na rua da república minutos após o término do ensaio. De acordo com os relatos das pessoas próximas ao local, a loira tecladista voltou a ficar corada após ter comido um pastel, enquanto os demais seguiam bebendo cerveja. Elas e ele ficaram o resto da tarde sentados ali, debatendo as metas e objetivos da banda para 2007 (assuntos nobres), entre uma polar e outra (não pode faltar!).

Pouco antes de anoitecer, o único menino integrante da banda saiu para trabalhar enquanto as meninas seguiam animadas pela polar. Logo após chegaram dois amigos, músicos conhecidos. Um deles é músico e produtor musical, o outro é baterista de uma banda reconhecida em Porto Alegre. Além de tudo, ambos são compositores de letras e melodias. Eles acompanharam as meninas na polar em meio à cantoria e conversas de cunho músico-filosofal. O rapaz da banda retornou ao local depois do trabalho e embarcou nas conversas do grupo entre uma polar e outra (sempre!). A essa altura todos do grupo estavam cansados de tocar violão e o mesmo já estava guardado.

O animado grupo de músicos ficou pouco tempo no estabelecimento após as 23hs. Em poucos minutos todos se despediram, cansados das festanças e musicanças do final de semana, seguindo
rumos diferentes.

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“E tudo foi vento e nada mais”... - O ACASO!
Durante a reunião da banda no pastel da república, a Clá anotava as nossas metas e decisões no bat-caderninho da Adri. Encerrado os assuntos nobres, o tal caderninho ficou em cima da mesa enquanto a gente seguia tomando polar e jogando conversa fora. Às vezes vinha uma rajada de vento forte, folheando as páginas do pobre caderninho desamparado. Lá pelas tantas veio uma rajada de vento mais forte, empurrando um pote de vinagrete em cima de uma das páginas do dito e esquecido caderninho. Bah! Que merda! – lamentou uma das gurias, colocando as mãos na cabeça. Arranca essa página que sujou, tá em branco mesmo. – sugeriu outra. Olha o que tá escrito na outra página que ficou manchada... – sinalizou a Adri. Acreditem ou não, a única frase que estava escrita nessa página era essa citação do tal Edgar Alan Poe. Tratei logo de escrevê-la de novo em uma página limpa (porque uma frase como esta tem de ficar bem guardada), pra poder me desfazer da que manchou.

Depois que li essa frase em voz alta para as gurias, começamos a debater o seu significado. Não adianta! Todo mundo que senta em um bar acaba virando um filósofo de boteco em algum momento (e esse era o nosso momento!). A conclusão que todas nós chegamos é a que me referi no início deste post: "deve ser muito triste você chegar ao final do dia, do ano, de uma história, de uma vida... e concluir que tudo o que passou foi vento, nada mais." - Algumas até acharam que deveria haver um significado maior para o tal bat-caderninho ter ficado aberto exatamente nesta página. Será um conselho do cosmos? E olha que pra viajar no cosmos não precisa gasolina, já dizia Ney Lisboa. De qualquer forma, decidi na mesma hora que este seria o título do meu próximo post. Salve Edgar Alan Poe!

Voltando o foco para o significado da frase (lá vem ela de novo)... comentei com uma das gurias que espero nunca ter um motivo na minha vida para dizê-la! E não desejo isso pra ninguém, nem àqueles que eu odeio (eheh). - Brincadeira! Não odeio ninguém não! Se alguém me odeia, não perco o meu tempo retribuindo. Tenho mais o que fazer! - Enfim... deve ser devastador você se dar conta de que não existiu consistência... apenas vento, sopro, ar... invisível...

Falando em devastador, teve uma situação que não posso deixar de comentar... vamos ao próximo subtítulo (sou uma pessoa organizada em meio a minha desorganização!).

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PERDAS
Peço desculpas aos mais sensíveis, sei que prometi um texto mais descontraído. Contudo, não posso deixar de falar deste assunto.


Conhecemos um cara no pastel da república, que inicialmente nos baixou uma cerveja. Ele vestia uma camisa do Grêmio e segurava na mão um DVD do time, aberto, como se fosse um porta-retrato, com a foto de sua filha fixada nele. Naquele domingo ensolarado estava completando cinco anos da morte de sua filha, que sofria de leucemia. Não tinha como não perceber a dor daquele homem refletida no seu olhar. Logo que ele nos contou sua história, lembrei da minha mãe comentando que perder um filho é a pior coisa que pode acontecer para os pais, e que ela nunca quer passar por isso na sua vida.

Realmente! Eu pretendo ter filhos e, mesmo ainda não tendo, posso imaginar que essa é a pior dor que deve existir para um ser humano! Comentamos entre nós: é impressionante a incapacidade das pessoas em lidar com as perdas. Também podemos falar por experiência própria, afinal, quem nunca teve uma perda na vida? A gente aprende a lidar com elas na marra mesmo! Para nos sairmos bem na lição temos que primeiramente reagir. Não podemos deixar aquele imenso e dolorido vazio que sentimos quando perdemos algo de grande valor emocional tomar conta de nós, é mais dolorido ainda. O lance é se permitir ficar triste e reagir, se ajudar. Teoricamente, é claro, tudo é muito mais fácil! Infelizmente, a maioria de nós não sabe como reagir diante de uma perda importante. Com o passar dos anos nos tornamos autodidatas em relação as nossas perdas. Porém, nunca sabemos como vamos reagir a elas – quanto a isso, ninguém nunca estará totalmente preparado... não é algo que possamos prever.

Depois que os nossos amigos músicos chegaram, começamos a trocar idéias quanto ao processo que cada um utiliza para compor letras, solos e arranjos. Mais um momento filósofos de boteco! O nosso senso comum é: estar conectado com a emoção que você quer passar na música (que dúvida!). Como uma coisa puxa a outra, em seguida citamos letras fantásticas e profundas de algumas músicas, que falam sobre perdas em N situações. A gente sempre se identifica com uma e outra!

Claro que durante o papo rolou muito som na viola! Acompanhado entre uma percussão improvisada com batidas na mesa usando os dedos e os anéis, e com vocalizes imitando guitarras. Ah! E muitos back-vocais acompanhando a linha melódica da letra (não sei se é assim que se escreve back vocais, enfim...). Conseguimos animar o nosso novo amigo gremista com a cantoria descontraída e algumas conversas. Esperamos que ele fique bem! Não é fácil não! Todavia, todos nós temos a capacidade de dar a volta por cima, por mais difícil que isso possa parecer. O lance é começar a acreditar na teoria pra poder colocar em prática! - Se fosse fácil, não existiria tanto sofrimento no mundo!

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PRIMEIRO AMOR
De fato os nossos assuntos estavam inspirados nesse domingo. Impossível falar a respeito de letras de músicas sem citar o sentimento mais poderoso do mundo: o amor! Um dos nossos amigos questionou por que o primeiro amor marca mais que os outros... Aquele foi o momento propício para eu defender a minha teoria (filósofos de boteco parte 3): acredito que o primeiro amor marca mais porque somos totalmente desprovidos de qualquer experiência a dois dessa magnitude, literalmente! Tudo é novidade, inclusive aquele entusiasmo que faz o coração bater mais forte. Aquele pavor e deslumbre de quem está inebriado pelo amor e sendo correspondido pela primeira vez na vida. Assim como as perdas, também temos que aprender a ser autodidatas com o amor. É algo que ninguém pode nos ensinar, só a experiência. Por mais que a gente divague o tema (poderia ficar horas dissertando a respeito) nada se compara a prática - o momento presente. Vivendo e aprendendo, sempre!

Existe tema melhor para uma música que o amor?
Creio que não! O amor é capaz de mover montanhas, céus e mares... é um sentimento que nos transforma em seres melhores, nos faz sentir mais vivos e mais completos. (violinos)
Não adianta! Embora eu não seja uma menina cheia de frescurites, não nego que sou uma romântica incurável!

***

Creio que já escrevi mais que o suficiente hoje (eheh). Me despeço aqui!

Viva ao amor e a sua capacidade
de nos transformar em pessoas melhores!

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